Como funciona uma Previdência Privada
As previdências privadas são um dos melhores veículos para acumular recursos para o longo prazo quando utilizadas com um bom planejamento, neste artigo comentarei de forma simplificada suas principais características.
O que são?
Os fundos de previdência privada ou fundos de previdência complementar abertos, tem como objetivo inicial complementar a renda do trabalhador no momento que este se aposentar, ou seja, visa prover uma renda complementar além da previdência oficial.
Funcionam como um fundo de investimentos comum, com precificação de cotas inclusive, no entanto, possuem restrições de posicionamentos e compras de determinados ativos, restrições a alavancagem e regra tributária própria.
Existem dois tipos principais de planos de previdência:
> VGBL: A tributação, será apenas sobre a rentabilidade da sua previdência. Seu funcionamento é parecido com o de um fundo de investimentos tradicional. A diferença está na tributação e na possibilidade de transformá-lo em uma renda mensal vitalícia. Ideal para pessoas que fazem a declaração simplificada do IR.
> PGBL: Os depósitos feitos podem ser deduzidos da base de cálculo do imposto de renda gerando um benefício tributário, limitado à 12% de sua renda tributável. Ao resgatar a sua previdência, a tributação será sobre o saldo total acumulado. Ideal para pessoas que fazem a declaração completa do IR. Para saber como utilizar este benefício leia o artigo deste link.
As opções de tributação:
> Progressiva: nesse caso a alíquota segue a tabela do Imposto de renda pois entende-se o resgate como parte de sua renda tributável, chegando a 27,5%.
> Regressiva: a alíquota vai decrescendo na medida em que o tempo passa, começando em 35% e chegando a 10% após 10 anos.
Os custos dos planos de previdência:
Existem dois custos principais nos planos de previdência: a taxa de administração e a taxa de carregamento.
> Taxa de administração: É a taxa cobrada pela instituição financeira para administrar os recursos do fundo de previdência e é calculada sobre o total de recursos. É expressa em % a.a. Exemplo: 1,5% ao ano.
> Taxa de carregamento: É uma taxa cobrada em cada aporte feito pelo investidor ou nos resgates, sobre o total de recursos. É expressa em %. Exemplo: carregamento de 4% ao ano.
Taxa de carregamento de entrada e taxa de carregamento de saída:
Há duas formas de a instituição financeira cobrar a taxa de carregamento no plano de previdência:
> Taxa de carregamento de entrada: É quando a taxa de carregamento é cobrada em cada depósito, logo no aporte do valor.
Plano com uma taxa de carregamento de 4%;
Contribuição de R$ 100,00 para a sua previdência privada;
R$ 96,00 entrará no seu saldo;
R$ 4,00 será da instituição financeira;
Se o seu fundo for conservador, em renda fixa, por exemplo, significa que você levará, pelo menos, 6 meses para que os R$ 96,00 virem os R$ 100,00 que você aportou.
Se a taxa de carregamento for elevada, o investidor passará anos depositando e seu saldo previdenciário será inferior ao total de suas contribuições.
> Taxa de carregamento de saída: É quando a taxa de carregamento é cobrada em um quando há o resgate. Nesse caso, normalmente a taxa é regressiva podendo zerar a partir de um determinado prazo.
Sem dúvida quando um plano possui a taxa de carregamento cobrada na saída, o investidor possui a possibilidade inclusive de nunca ter que pagar essa taxa, se permanecer no plano por, por exemplo, 3 anos (se esse for o prazo do plano em questão).
Como escolher sua previdência privada?
Como falei acima, os planos possuem os seus custos cobrados pela instituição financeira, há a escolha tributária de acordo com sua necessidade e também deve-se levar em conta o desempenho do fundo de previdência no momento da escolha.
VGBL como investimento:
Outra confusão relativamente comum é a compra de planos de previdência VGBL como se fossem um investimentos tradicionais, para horizontes de tempo pequeno. Vale observar que além da penalização na taxa de carregamento em caso de resgate, há a tributação.
Já vi investidores contratarem VGBL como investimento, pagar carregamento de entrada e, por precisar do dinheiro num prazo curto (6 meses, por exemplo), ainda pagar 35% de Imposto de Renda sobre o saldo total aportado. Esse é um exemplo REAL de compra equivocada que penaliza o investidor simplesmente por não ter um planejamento financeiro definido ou por não ter sido bem orientado.
Qual o risco?
Normalmente os fundos de previdência apresentam o risco atrelado à estratégia e aos ativos selecionados pelo gestor para comporem sua carteira.
Assim, um fundo de previdência referenciado DI apresentará os riscos similares dos ativos pós-fixados atrelados ao CDI; os fundos de inflação apresentarão o risco de se investir em uma carteira de ativos atrelados à inflação; já os fundos multimercados serão um retrato da carteira de ativos diversos nas quais o gestor pode investir, entre eles, renda fixa, ações, investimentos no exterior, moedas, etc.
Observe sempre qual o seu perfil de investidor ao escolher um fundo de previdência. Você pode levar algum susto quando investir em um fundo de previdência que não condiz com seu perfil.
Muitas vezes clientes esquecem das suas alocações em previdência devido a comodidade do débito automático mensal e acabam não se atendo aos riscos, nem mesmo tendo noção qual o verdadeiro risco dos produtos nos quais investiram.
Percebi que meu plano possui altas taxas e baixo desempenho. O que fazer?
A boa notícia é que existe a portabilidade de previdência. Dessa maneira você pode portar o seu saldo em previdência para outro plano na instituição financeira que preferir, conforme sua necessidade, sem precisar resgatá-lo.
Artigo publicado originalmente no blog.guidelife.com.br, blog.guide.com.br e LinkedIn.