Poupança: este é o investimento mais seguro?

Se eu dissesse a você que temos como oportunidade de investimento, um título emitido por bancos que historicamente possui um rendimento abaixo da média e já foi confiscado pelo governo, você investiria nele? Caso você tenha respondido que não, você conseguirá entender melhor porque eu acho tão estranho a poupança ainda ser o investimento financeiro mais utilizado por brasileiros.

De acordo com o Banco Central, a caderneta de poupança possui R$ 775,7 bilhões de recursos. Uma explicação para a popularidade da poupança pode ser o seu nome que é praticamente um sinônimo para investimento. Escuto muitos clientes chamarem a sua carteira de investimento de “poupança”.

Outra razão pode ser a falta de variedade de investimentos que o Brasil possuía na década de 90. Ressalto a década de 90, pois foi exatamente no ano de 1990 que tivemos um dos Planos Econômicos mais surreais da história.

PLANO COLLOR

Inflação é o aumento dos preços de bens e serviços que existem na economia. Uma de suas causas é o aumento de consumo, sem o aumento de produção de um produto ou serviço.

Isso pode ocorrer se utilizarmos a velha ideia de imprimir mais dinheiro e distribuir para a população. Se as pessoas consumirem mais, mas a produção não aumentar, os preços subirão e poderão atingir níveis descontroláveis como na década de 80 e início de 90.

A ideia do Plano Collor foi diminuir a quantidade de dinheiro na economia com o confisco das poupanças. De acordo com o seu raciocínio, com menos pessoas consumindo, os preços parariam de subir.

É fácil lembrar como este plano foi um fracasso. Ele diminuiu a quantidade de dinheiro na economia, mas ao mesmo tempo quebrou as empresas e pessoas físicas. O resultado foi uma economia que não tinha demanda, mas também não produzia nenhuma riqueza.

Como curiosidade, indico assistir o vídeo abaixo. O amadorismo e despreparo da equipe econômica apresentando o plano é inacreditável:

A POUPANÇA É PERIGOSA?

O risco da poupança é o mesmo que de outros investimentos de Renda Fixa como o CDB, a LCA e a LCI, que é o de que a instituição que emitiu o título quebre.

Tanto a poupança, como o CDB, a LCA e a LCI, são títulos garantidos pelo FGC (fundo garantidor de crédito) até o valor de R$ 250.000,00 por instituição e limitados até R$ 1.000.000,00 se contar todas as instituições que você tiver dinheiro.

Portanto, se você investir em uma poupança de uma instituição financeira com rating(classificação de risco) alto e dividir seus investimentos em R$ 250.000,00 por cada, a possibilidade de ocorrer um problema é muito baixa.

A POUPANÇA RENDE POUCO?

Mesmo quando comparada com investimentos do mesmo nível de risco como CDB, LCA, LCI e o Título do Tesouro Selic a poupança é um investimento com rendimento baixo.

Comparando o rendimento da poupança com uma LCI com rendimento de 90% do CDI entre 1/10/2013 a 1/10/2018, de acordo com a calculadora do cidadão do Banco Central, temos o seguinte resultado:

  • Poupança: 40,56859%

  • LCI (90% CDI): 60,04575%

Mais um ponto negativo para poupança, se no caso acima o investimento fosse em CDB, mesmo com a incidência do Imposto de Renda (15%) ela teria um rendimento pior, pelo mesmo risco.

QUAL O PONTO POSITIVO DA POUPANÇA?

A poupança é um investimento que possui uma boa liquidez, isto é, pode ser resgatada a qualquer momento. Já outros títulos como o CDB, a LCA e a LCI são vendidos com várias regras, mas em geral, quanto maior a liquidez, menor o rendimento ofertado.

Outro ponto positivo da poupança é a isenção de imposto de renda, mas como já demonstramos, mesmo com esta isenção, o seu rendimento é pior que rendimentos tributados como o CDB e o Tesouro Selic.

QUANDO DEVO INVESTIR EM POUPANÇA?

A poupança é um investimento que deve ser utilizado somente para quando você quer ter uma reserva de segurança em sua conta bancária para um pequeno imprevisto. O objetivo do investimento seria a segurança e não o rendimento, e não é aconselhável deixar um valor alto nesta reserva.

Artigo publicado originalmente no blog.guideinvestimentos.com.br.