Um café com Gustavo Franco: o novo governo
No dia 24/10, quarta-feira, participei de um café da manhã com Gustavo Franco, onde ele comentou sobre as expectativas para o governo de Jair Bolsonaro. A conversa foi muito boa, principalmente pelo otimismo demonstrado pelo economista.
COMO SERÁ A GOVERNABILIDADE DE JAIR BOLSONARO?
Gustavo acredita que o governo Bolsonaro era analisado considerando o congresso atual que não seria funcional para ele. Já o novo congresso tem novidades interessantes que deverão facilitar seu governo. A sensação é de renovação.
O PSL era uma legenda sem força e será uma das maiores bancadas. Conseguir a maioria parece ser confortável para o governo. O PT possui a maior bancada, mas pequena comparada com congressos anteriores e sem força para barrar projetos.
Para Gustavo, pela primeira vez o Brasil tem uma bancada liberal séria, que será importante neste governo de direita conservador. Na economia, temos o Paulo Guedes e devemos ter novidades nas sondagens para os ministérios.
Paulo Guedes indicou que o governo deve voltar atrás na proposta de juntar ministérios. Esta é uma boa ação para que o governo não seja tão centralizado e dependente de um “superministro”.
Para a presidência do senado, Renan perdeu espaço e alguns possíveis nomes são: Simone Tebet, Esperidião Amin e Jarbas Vasconcelos. Na câmara, Rodrigo Maia deve se manter na presidência, mas menos influente.
Grande parte do poder dos presidentes do senado e câmara, no governo anterior, se devia a um Presidente fraco no poder. A partir de agora, eles possuirão um presidente com apoio popular e devem ser mais flexíveis. Rodrigo Maia tem abertura com o meio empresarial e deve apoiar reformas.
COMO PODEMOS ANALISAR O NOVO CONGRESSO?
Gustavo diz que não é fácil fazer uma leitura do novo congresso. Alguns estreantes como Joyce Hasselman e Kim Kataguiri não tem perfil habitual.
O congresso é mais conservador e sua principal característica é o antipetismo, o que arrastará o centro para esta tendência. A questão é se o antipetismo empurrará o congresso para pautas reformistas.
Gustavo Franco está otimista pois, segundo ele, o petismo foi contra coisas de bom senso e o congresso está com a lógica de votar contra as ideias do PT.
Ele diz que a falta de organização do Bolsonaro tem se ajustado de forma positiva. O projeto conservador desta administração está começando a ganhando corpo e isso dá um conforto para o mercado.
A despeito da patente de Capitão de Bolsonaro e de militares em alguns cargos, os analistas não devem se manter no erro de achar que é um governo militar. Os Militares eleitos para o congresso se portarão como legislativos, o que é bom.
Onyx Lorenzoni está se colocando como responsável para montar o ministério e ele deve conseguir manter a governabilidade.
Apesar da vontade de Michel Temer e o congresso vigente para aprovar Reforma da Previdência proposta por eles, ela não deve sair pois existe uma birra com o governo atual. Seria interessante aprová-la, pois assim ganha-se 6 meses. As privatizações das concessões são as mais importantes. Privatizar a Caixa e a Petrobras seria mais complicado.
COMPARANDO COM A ÉPOCA DO PLANO REAL, QUAIS SÃO AS CONDIÇÕES?
Gustavo acredita que mudou para melhor a receptividade da população e do mercado para políticas mais liberais. Os assuntos estão mais consolidados, mesmo com a oposição forte que o PT fará.
Devemos ter outra reforma trabalhista, mas dependemos do congresso para saber qual a profundidade das mudanças. Hoje teremos muitos parlamentares mais agressivos para fazer algo mais pró-empresário.
Reformas tributárias também são importantes. Gustavo vê a possibilidade de um imposto simplificado como nos EUA, pois este sempre foi um assunto recorrente de Paulo Guedes. Mas devemos lembrar que os auditores fiscais possuem uma bancada forte e não devem apoiar grandes mudanças.
A recuperação da economia consistente e lenta está se mantendo. Produção e inflação estão sob controle.
Para Franco, o próximo presidente do Bacen vai encontrar uma pista livre para baixar juros. Estava na conta uma subida de juros neste governo ainda, mas a nuvem de incerteza está se dissipando e provavelmente não será necessário. Dólar tem um provável cenário de queda, o que ajudará o panorama de inflação.
Já passou a grande onda de inadimplência e temos uma grande capacidade ociosa. Alugar, contratar e pequenas decisões que movem a economia ocorrerão com um sinal de crescimento e horizonte mais claro para frente.
Com este contexto o cenário é otimista para a economia. O Brasil está pronto para crescer.
Artigo publicado originalmente no blog.guide.com.br.