Diversificação em tempos de crise e juros baixos

No mês da diversidade, é válido também falarmos de diversificação de investimentos. Todo o mundo já escutou o ditado “não coloque todos os ovos na mesma cesta”. E acredito que esse conceito também está mais difundido dentro do mercado de investimentos.

Como fazer a diversificação de investimentos?

O primeiro ponto é entender qual o perfil de risco do investidor. As corretoras são obrigadas a fazer um questionário para entender esse perfil e limitar a oferta de investimentos de acordo com o aferido. O segundo ponto é entender a capacidade para correr riscos que o investidor possui.

Como exemplo, podemos ter um cliente que possui um perfil arrojado, mas que possui 50% do seu valor investido destinados para pagar as chaves de seu apartamento em seis meses. Nesse caso, ele não pode se expor a variações financeiras. Outro exemplo seria um cliente que já está em idade avançada e depende do seus investimentos para manter o seu padrão de vida.

Nesse caso, a diversificação deve abrir mão de investimentos de alto risco. Gosto muito da abordagem de Goals Based Investing (GBI), em que a carteira é montada com investimentos orientados por cada objetivo. Se quiser simplificar, você pode ter três níveis de investimentos.

  1. Reserva de Emergência

  2. Investimentos para objetivos de médio prazo

  3. Investimentos para a aposentadoria ou independência financeira

1 - Reserva de Emergência:

Essa parte deve cobrir entre três meses e doze meses do padrão de vida do investidor caso ele perca toda a sua renda. O valor depende do risco de ficar sem renda que o trabalho dele oferece. O foco aqui está na liquidez. Não se preocupe com o rendimento. Os melhores investimentos são títulos de renda fixa pós-fixados que possuam resgate diário.

2 - Investimentos para objetivos de médio prazo:

O percentual de patrimônio nessa classe depende dos objetivos que precisarão de dinheiro, como troca de carro, compra de casa, viagens etc. Aqui é válido diversificar entre títulos de renda fixa pré-fixados, pós-fixados e atrelados à inflação. Caso você os leve até o vencimento, eles não terão rendimento negativo. É importante respeitar o valor do FGC para cobertura de defaults de R$ 250.000,00 por título, por investidor. Aqui também cabem alguns COEs, que permitem a exposição à renda variável com a garantia de receber o valor investido integralmente caso os ativos caiam. É importante diversificar entre os COEs e mantê-los abaixo de 10% da carteira total do investidor.

3 - Investimentos para aposentadoria ou independência financeira

Essa parte dos investimentos pode estar mais exposta a rendas variáveis e investimentos com mais risco. Acho interessante diversificar entre classes de ativo como ações e fundos imobiliários. Também cabem investimentos em títulos de renda fixa de longo prazo. Lembro também que as previdências são ótimas opções — também vale a pena diversificar entre fundos de previdência para baixar o seu risco.

Acostume-se com a variação dos investimentos

Em tempos de taxas de juros baixas, é importante que o investidor acostume-se aos poucos a investir em renda variável. Comece experimentando com uma parte pequena do capital. Após um tempo, ficará mais claro o quanto o investidor aguenta de exposição às variações. Diversificação em títulos de renda fixa também é importante. Lembre-se que todo investimento possui riscos.

Artigo publicado originalmente no site da Space Money.