Carta mensal de cenário econômico - Julho/23

Artigo publicado originalmente em https://www.linkedin.com/pulse/carta-mensal-de-cen%25C3%25A1rio-econ%25C3%25B4mico-julho23-thiago/?published=t

Começando minha primeira carta mensal. Acompanhe para entender o cenário econômico e ter insights para sua carteira de investimentos

Acesse o vídeo clicando aqui.

Qual é a Taxa Selic ideal para o Brasil?

O mundo dos investimentos é um dos que possuem mais distrações. Vejo muitas discussões improdutivas no twitter, redes sociais e até em eventos do mercado.

Várias pessoas querendo opinar sobre qual é o caminho certo para a Selic, como deveria ser a reforma fiscal, o que o Haddad, Lula ou Roberto Campos Neto deviam fazer, entre outros assuntos.

Entendo que se você for uma pessoa influente como o André Esteves e até a Luiza Trajano, opinar causa alguma "pressão" em quem toma decisão.

Mas porque você que não tem controle e influência nenhuma deve se preocupar em falar como deve ser feito?

O investidor deve lidar com os fatos que tem em mão e focar no que ele pode controlar:

Suas emoções, análises e as decisões de compra ou venda de sua carteira.

O problema correto a ser discutido não é "o que o governo/Bacen/Copom deve fazer" e sim "o que fazer com sua carteira para navegar o cenário atual e suas probabilidades".

Foco no que você pode controlar.

O que a Selic nos diz hoje?

O conscenso do mercado é que o Copom corte em 0,25% a meta da Taxa Selic já na reunião de agosto. E se não vier em agosto, é quase certeza que o ciclo de cortes começará neste segundo semestre.

Hoje a Selic está em 13,75%, mas o mercado já precificou grande parte do corte das taxas de juros.

O Juros DI Futuro com vencimento em janeiro de 2026 já está sendo negociado a 10,07%.

Isto quer dizer que grande parte do retorno positivo gerado pelo corte de juros nos investimentos já se refletiu no mercado:

IBOV: + 9,00%

IFIX: + 4,71%

Basta uma expectativa futura de corte de juros, para que haja alta nas ações e principalmente em ativos como fundos imobiliários e títulos de renda fixa pré-fixados e de inflação.

Sobe no boato, realiza no fato

O cenário do segundo semestre é bem incerto para o mercado de ações, mas ainda há gordura para ganhar ágio em títulos de inflação mais longos quando vierem os cortes nas taxas de juros.

E é sempre bom ficar de olho em oportunidades nos fundos imobiliários.

(Se você quer entender por que os títulos de renda fixa valorizam no mercado secundário quando há corte de juros, fique ligado pois em breve farei um conteúdo explicando essa dinâmica)

Já para o Ibov, o risco é um pouco maior pois dependemos de uma melhora no cenário externo. O ponto positivo é a vantagem que temos com relação a outros países emergentes, o que facilita a atração dos investidores estrangeiros.

No vídeo abaixo falei um pouco sobre a visão do Brasil por uma analista americana:

Dólar: R$ 4,81

A imagem positiva do Brasil para o mundo ajudou a derrubar o Dólar em 5,43% no mês de junho. Inflação controlada e juros altos com previsão de queda antes do resto do mundo puxando o resultado.

Mas em questão de dólar, é sempre bom tomar cuidado para novas altas. A diferença de juros entre Brasil e EUA está diminuindo e acelerará com os cortes de juros por aqui.

Desafios do Mercado de Investimentos Americano

Inflãção EUA - Índice de Preços ao Consumidor

Os EUA continuam com um cenário desafiador, a inflação continua em queda, mas em uma velocidade muito menor que o esperado. O mercado de trabalho continua aquecido em níveis que dificultam o controle da inflação.

Uma tese que fundamenta o mercado se manter aquecido é a utilização do excesso de poupança feito pelos americanos no período de pandemia.

Taxa de Juros dos EUA

Consequentemente, o FED aumentou a taxa para 5,00%, um valor muito alto na história recente dos EUA.

Em um podcast que escutei com Howard Marks da Oak Tree Capital, ele mencionou que muitos gestores e analistas da empresa nunca trabalharam em um cenário com os juros neste patamar.

Eles têm sentido uma dificuldade em se adaptar a este novo patamar de taxas de juros, já que estavam acostumados com taxas próximas à zero em seu país. Essa nova realidade torna os investimentos em renda fixa mais atrativos para os investidores americanos - algo notavelmente diferente para eles.

S&P 500 - Junho

Apesar do cenário desafiador das taxas de juros, as ações continuam subindo fortemente guiadas principalmente por empresas de tecnologia.

Recessão?

Um detalhe curioso e digno de atenção é que os títulos longos estão pagando menos do que os títulos curtos nos EUA.

As distorções nas taxas de juros, com as curtas superando as longas, só foram vistas em períodos próximos a recessões nos Estados Unidos. Portanto, há preocupações sobre uma possível nova recessão.

No gráfico acima, as faixas em cinza são períodos de recessão, o que indica que assim que as taxas de juros voltarem a pagar menos que a longa, podemos entrar em recessão.

Existe uma possibilidade grande de possível recessão mais branda, um soft landing, já que não vemos grandes bolhas estourando como aconteceu com a bolha subprime.

Espera-se uma inflação mais persistente, mas é prudente manter alguma posição no mercado dos EUA.

O mercado também está bastante esticado com as últimas altas, quando o mercado de ações sobe demais nem sempre existem muitas ações baratas disponíveis.

Por isso, pode ser interessante posicionar em títulos de renda fixa aproveitando os juros altos.

Segurança se compra em momentos de bonança

Na semana passada, invadiram um imóvel da minha mãe que está vazio e em negociação pra venda.

Roubaram um transformador de energia, cabos e sujaram tudo. Testemunhas disseram que os invasores chegaram a dormir no imóvel.

No sábado, tive que correr atrás de um profissional para "lacrar" o imóvel. Este é um custo que temos por viver em um país sem educação e segurança.

Logo que o imóvel foi desocupado, pensei em "lacrar" o imóvel, mas resolvi "comprar" o risco de deixá-lo menos protegido pois achava que ele seria negociado mais rápido.

Péssima decisão.

Em todos os tipos de investimentos é sempre importante pensar em seguros e proteções contra o risco. E na maioria das vezes, isso deve ser feito no momento em que tudo está correndo bem.

Vejo muitos investidores entrando em operações com proteções estruturadas com derivativos somente com o mercado em baixa. Isso é o contrário do que se deve fazer. Fique de olho para "comprar" esses seguros agora que o mercado está esticado.

E nunca esqueça de proteções voltadas para a qualidade de vida da sua família e a sucessão patrimonial. O momento de comprar um seguro de vida, é quando você está saudável.

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